sexta-feira, 28 de agosto de 2009

.eu, você e todos nós.

É pra lá que eu vou. Eu, você e todos nós. É assim que sou, eu, você e todos nós? Anjos estancados, trapos voadores, corpos sem rostos, todos iguais. Brancos e pretos, asas coladas que, todos os dias, arrancamos, pouco a pouco, e seremos depenados, almas penadas, desalmados, nus. Cairemos,

Sob nuvens, fora das cores, sob dores e amores. Caímos com a chuva, nos molhamos com lágrimas de dor dos céus, minhas dores em tons de cinza. E as asas, como dedos, tocarão os para-quedas, paremos quebras, continuemos iguais. Estancados,

Empalados, doloridos, caídos, avoados, voando. Sem olhar para trás, sem olhar para frente, pois rostos tortos temos, duas faces de cabelos, duas faces cegas, já que olhos não tememos. Medo,

De mim, de você, de todos nós.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009









cada um que faça o link: outono, verão, primavera, inverno, verão, primavera, verão, outono, inverno, inverso, inverno, primavera, prima ana, verão, não verão, olharão, ele é cego, tia vera, outro ano, ou tônus, ver - one, o que?

.as nuvens não são fofas.

Hoje ela olhou para mim, toda de branco, e senti saudade. Senti tristeza, também. Seria a tristeza e a alegria dois extremos ou duas coisas tão parecidas que, num momento é alegria e noutro é tristeza?

Ultimamente, as coisas parecem complicadas, mais complicadas que nunca foram e eu tenho certeza que não sou eu quem faço parecer assim. Aqui é tudo simples, tudo certo, cada um em um canto e cada coisa no lugar, menos as palavras.

Ela, toda de branco. Cor de nuvem. Mas seu abraço não se assemelhou àquilo que eu sempre tive em mente. Um abraço acolhedor, fofo, maternal, que dá vontade de ficar, permanecer... ser. O branco não era branco, era sujo. Ela não era nuvem, era mentira. E só eu era eu e autêntica.

As nunvens não são fofas.

.caminho natural.


Cada dia mais, eu acredito que as coisas são porque têm que ser e estão porque têm que estar. Cada um em seu canto, cantando uma melodia diversa e destoante, as vozes estridentes quase gritam; ficam ora cá, ora lá, entre o ridículo e a música.

As vozes iam em coral, um canon de sensações, agora, instrumentos desafinados; questão de modernidade. Eu era tão acostumada aos fatos clássicos e pronto! Seremos diferentes, ele e eu. Ainda bem, que ele nunca vai sentir nada parecido, ele ainda é um boneco que não sente. E eu vou, vou embora.

Setas indicam um caminho desconhecido, mas parece ser o certo, ou seria melhor errar e desacreditar no que vejo? Desenhar meus olhos e enganar o resto? Olhos desenhados, costurados, a boca calada há tempos, os ouvidos com tufos de algodão e você, e ele, sem precisar de nada disso.

domingo, 23 de agosto de 2009

.cheiro de chuva.


Cada dia que passa, as coisas demoram mais a acontecer. Pra falar bem a verdade, elas acontecem em partes, em partes separadas, e ficam as pecinhas para eu montar quando tenho tempo livre. E só no tempo que me sobra a liberdade, pois algum motivo mais forte me prende aqui dentro.

Hoje, a chuva caiu. Melhor dizendo, ouvi a chuva cair; não vi e não vejo nunca, porque lágrimas não fazem parte do meu vocabulário, nunca mais. E sabe do que eu senti mais falta? Não foi da imagem da chuva, pois elas me entristecem, foi do cheiro.

Sabe aquele cheiro de chuva quando cai na grama? Cheiro de infância, de família? De alegria corrente, ilustre, natural, que simplesmente aparece quando você sente o cheiro da chuva? Faz tempo que não sinto esse cheiro dos tempos em que íamos para o sítio, juntos. 

Agora que somos partes separadas, pedaços de sonho esquecido, não vemos, não sentimos, não somos, pois quebra-cabeças desmontado, se perde. Não sinto o todo, só ouvi, hoje. Ontem, posso ter só visto. Amanhã, quem sabe, apenas sentirei o cheiro. Mas, quando montar tudo, desconexo, desconectarei a verdade do momento. E o cheiro da chuva que eu espero, pode ser só perfume de jasmim.

sábado, 22 de agosto de 2009

.empty.so empty.


it feels a little bit like drowning.
a little bit like suffocating.
an aquarium of nothing. a vacuum.
airless. breathless. pointless
words dead, underneath your pillow.
burning to ashes inside. wasted.
unable to scape. empty. so empty.

.a distância.

Entre pontos, entre galhos, a distância aumenta e a memória diminui. Nos recortes, sempre atos, fatos consumados somos nós. E, apesar de tudo, teimamos viver.

Revivendo o passado presente, segue a morte, o presente ausente; assim, permaneço, pois não vivo. Você não vive, mas eu sim. Crê em mim, sem sorrir, mascarada. Diz que sim, ao céu e ao chão, a que não pertencem meus pés, e seus também.

Enlaces antigos, laços frouxos. Fitas de cetim. Já sem brilho, como o olho que deixou igual em mim. 

Milagreiro, a surpresa, fato científico, identifico aqui. Pois, como seria a vida, caso a morte não tomasse pai de filha? Como seria a vida, caso a sorte não tornasse filha de pai? Como seria a vida, caso o vento não levasse a memória pouca que tenho, e menor, a que ele não teve. Como seria?

Diga-me, distância, a quantos metros leva a nuvem; a quantos ares leva a ideia; a quantos pastos leva o amor. Diga-me, tristeza, quantas pontes se destroem ao te ver, vertente certa, ponta reta, acerta alvo. Morte. Diga. Mas não diga amor.

Leva para longe, o pouco que resta. O resto. Não contente, não presta, mas empresta-me o vazio. Lacuna indigesta, distância imposta, cobradora de pingos de vida, devida, roubada. A chuva, a olha,

E chora.


.cor de nuvem.

Começo aqui minha jornada, querendo te contar um pouco mais sobre as cores e as nuvens. Cores misturadas, viram brancas, brancas nuvens que passam no céu azul. E eu fecho minha janela, janela da alma, janela para o mundo, janelas fechadas, como os mortos olhos que tenho.

Desde que caiu a aura branca e pura, os sentimentos transtornaram-se com os tufões de vento que teimam em levar nuvens cinzentas, ou as trazem. Na verdade, levam as brancas, as puras e ficam as pesadas. Assim me sinto. Uma grande nuvem cinza, pesada de chuva sem choro. Já não choro como gostaria, como deveria. E fica o peito apertado e o passarinho que não voa. Você o trancafiou. De peito aberto, ele se fechou.

Agora o cinza, a escuridão. Fecharam as janelas, talvez tenha sido a Fantasia, Miss Fantasia, minha Fantasia, talvez tenha sido apenas eu. As distorções decorrentes da cabeça de alguém que foi deixada para trás são difíceis de transcrever em palavras para os outros lerem. E quem sabe, você não possa me ajudar, como ajudou a pesar a alma que foi branca.

Cada vez mais angustiada, a chuva que não vem, o choro que não sai, a alma que não clareia, carece. Carecer, precisar,

Amor.