sábado, 22 de agosto de 2009

.a distância.

Entre pontos, entre galhos, a distância aumenta e a memória diminui. Nos recortes, sempre atos, fatos consumados somos nós. E, apesar de tudo, teimamos viver.

Revivendo o passado presente, segue a morte, o presente ausente; assim, permaneço, pois não vivo. Você não vive, mas eu sim. Crê em mim, sem sorrir, mascarada. Diz que sim, ao céu e ao chão, a que não pertencem meus pés, e seus também.

Enlaces antigos, laços frouxos. Fitas de cetim. Já sem brilho, como o olho que deixou igual em mim. 

Milagreiro, a surpresa, fato científico, identifico aqui. Pois, como seria a vida, caso a morte não tomasse pai de filha? Como seria a vida, caso a sorte não tornasse filha de pai? Como seria a vida, caso o vento não levasse a memória pouca que tenho, e menor, a que ele não teve. Como seria?

Diga-me, distância, a quantos metros leva a nuvem; a quantos ares leva a ideia; a quantos pastos leva o amor. Diga-me, tristeza, quantas pontes se destroem ao te ver, vertente certa, ponta reta, acerta alvo. Morte. Diga. Mas não diga amor.

Leva para longe, o pouco que resta. O resto. Não contente, não presta, mas empresta-me o vazio. Lacuna indigesta, distância imposta, cobradora de pingos de vida, devida, roubada. A chuva, a olha,

E chora.


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