domingo, 23 de agosto de 2009

.cheiro de chuva.


Cada dia que passa, as coisas demoram mais a acontecer. Pra falar bem a verdade, elas acontecem em partes, em partes separadas, e ficam as pecinhas para eu montar quando tenho tempo livre. E só no tempo que me sobra a liberdade, pois algum motivo mais forte me prende aqui dentro.

Hoje, a chuva caiu. Melhor dizendo, ouvi a chuva cair; não vi e não vejo nunca, porque lágrimas não fazem parte do meu vocabulário, nunca mais. E sabe do que eu senti mais falta? Não foi da imagem da chuva, pois elas me entristecem, foi do cheiro.

Sabe aquele cheiro de chuva quando cai na grama? Cheiro de infância, de família? De alegria corrente, ilustre, natural, que simplesmente aparece quando você sente o cheiro da chuva? Faz tempo que não sinto esse cheiro dos tempos em que íamos para o sítio, juntos. 

Agora que somos partes separadas, pedaços de sonho esquecido, não vemos, não sentimos, não somos, pois quebra-cabeças desmontado, se perde. Não sinto o todo, só ouvi, hoje. Ontem, posso ter só visto. Amanhã, quem sabe, apenas sentirei o cheiro. Mas, quando montar tudo, desconexo, desconectarei a verdade do momento. E o cheiro da chuva que eu espero, pode ser só perfume de jasmim.

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